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{"id":1018,"date":"2016-09-11T22:32:22","date_gmt":"2016-09-12T01:32:22","guid":{"rendered":"http:\/\/www.fredericocarvalho.com.br\/?p=1018"},"modified":"2016-09-11T22:40:11","modified_gmt":"2016-09-12T01:40:11","slug":"nucleo-antissalazarista","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.fredericocarvalho.com.br\/tema\/sao-goncalo\/nucleo-antissalazarista\/","title":{"rendered":"N\u00facleo antissalazarista"},"content":{"rendered":"

Um dos fatos pol\u00edticos internacionais de que S\u00e3o Gon\u00e7alo fez parte e que \u00e9 geralmente desconhecido foi a sua participa\u00e7\u00e3o na luta contra a ditadura de Ant\u00f4nio de Oliveira Salazar em Portugal.<\/span><\/p>\n

Ela ocorreu em uma empresa insuspeita: a Companhia Vidreira do Brasil (Covibra), chamada popularmente s\u00f3 de Vidreira, ainda hoje em funcionamento no bairro de Vila Lage.<\/span><\/p>\n

A Vidreira nasceu do impulso desenvolvimentista dado pelo presidente Get\u00falio Vargas a S\u00e3o Gon\u00e7alo, no seu esfor\u00e7o de livrar o Brasil da depend\u00eancia externa. Na \u00e9poca, import\u00e1vamos vidros planos dos Estados Unidos e nosso pa\u00eds passou a ser autossuficiente com a nova empresa, inaugurada em 16 de novembro de 1941.<\/span><\/p>\n

Quem aqui resolveu investir foi o empres\u00e1rio portugu\u00eas L\u00facio Tom\u00e9 Feteira, natural de Vieira de Leiria, onde nasceu em dezembro de 1902. Seu irm\u00e3o g\u00eameo morreu dias ap\u00f3s nascer, mas ele, embora pequenino e fr\u00e1gil, resistiu e seguiu os passos dos outros 11 irm\u00e3os. Pobre, at\u00e9 os quatro anos de idade somente cal\u00e7ava sapato aos domingos. Seu pai, Joaquim, era rigoroso quanto aos estudos: ensinou-lhe a ler aos tr\u00eas anos de idade, matriculou-o na escola local, acompanhava o dia a dia escolar e obrigava-o a ler o jornal consigo. E isto fez do menino um curioso sobre as conversas mantidas entre o pai, monarquista, e o irm\u00e3o mais velho, Raul, republicano.<\/span><\/p>\n

\u00danico, entre seus irm\u00e3os, a estudar, seu sonho era trabalhar, o que come\u00e7ou a fazer aos 15 anos de idade, quando se empregou como aprendiz de pilotagem em uma empresa de transportes mar\u00edtimos do estado portugu\u00eas e recebeu a ordem de embarcar tr\u00eas dias depois em um navio que iria para Baltimore, EUA. Por\u00e9m, chegou atrasado e n\u00e3o embarcou. Sorte sua, porque a primeira guerra mundial havia come\u00e7ado e a embarca\u00e7\u00e3o foi posta a pique por um submarino alem\u00e3o, morrendo todos os tripulantes e passageiros. Ou azar seu, porque o chefe n\u00e3o gostou do atraso e lhe deu uma escada de corda, uma lata de tinta, uma raspadeira e um pincel, para raspar e pintar um navio docado.<\/span><\/p>\n

Entre a alegria de salvar-se da morte certa e a revolta do trabalho que recebera, por sal\u00e1rio de apenas 75 escudos por m\u00eas, L\u00facio resolveu que o melhor era estudar mais e ingressou na Escola Comercial do Porto, que acabou abandonando aos 21 anos, para \u201cfazer o mundo\u201d: como funcion\u00e1rio do minist\u00e9rio das Finan\u00e7as, foi para Angola, de l\u00e1 para o Congo Belga (hoje Rep\u00fablica Democr\u00e1tica do Congo), onde recebeu a medalha Leopoldo II, conferida pelo rei Alberto, e regressou a Portugal. Ao casar com Adelaide Feteira, recebeu do sogro a administra\u00e7\u00e3o da empresa deste, que transformou na Companhia Vidreira Nacional (Covina), dando in\u00edcio a um imp\u00e9rio empresarial que o levou a montar duas vidreiras no Brasil (em S\u00e3o Gon\u00e7alo e em S\u00e3o Paulo) e um banco nos Estados Unidos, al\u00e9m de investir em v\u00e1rias companhias e tornar-se uma das principais fortunas lusas.<\/span><\/p>\n

Em Portugal, a ditadura salazarista fora implantada por Ant\u00f4nio de Oliveira Salazar (28-04-1889\/27-07-1970) em 1932, quando foi institu\u00eddo o Estado Novo, e ele administraria o pa\u00eds com m\u00e3o de ferro at\u00e9 1968, ano em que sofreu um acidente dom\u00e9stico (caiu ao sentar-se em uma cadeira que n\u00e3o aguentou seu peso) e teve concuss\u00e3o cerebral, o que levou \u00e0 sua substitui\u00e7\u00e3o, em 27 de setembro daquele ano, por Marcelo Caetano, no cargo de primeiro ministro. O Estado Novo ruiria de vez em 25 de abril de 1974, com a Revolu\u00e7\u00e3o dos Cravos.<\/span><\/p>\n

Feteira opunha-se ao regime salazarista e, por isso, financiou v\u00e1rias atividades para derrub\u00e1-lo, mas nunca conseguiu sucesso. Permanecendo mais tempo no Brasil, aqui passou a abrigar exilados portugueses: recebia-os, dava-lhes emprego na Covibra e os orientava no aluguel ou compra de casa na regi\u00e3o. E agia tamb\u00e9m no sentido inverso: quando estava em Portugal, abrigava exilados brasileiros, como fez com o ex-presidente Juscelino Kubitschek, cedendo-lhe apartamento em Lisboa quando este teve de deixar o Brasil, amea\u00e7ado pelo regime militar que vigorou de 1964 a 1985. <\/span><\/p>\n

Embora casado com Adelaide, que lhe deu o filho L\u00facio, na intimidade familiar \u201cLucito\u201d, falecido no Rio de Janeiro aos 30 anos de idade, Feteira teve v\u00e1rios casos amorosos extraconjugais, um dos quais com a sua secret\u00e1ria e vi\u00fava de um amigo, Rosalina Ribeiro, com quem praticamente convivia e dela teve uma filha. De causas naturais, Feteira morreu em Portugal em 15 de dezembro de 2000 e destinou quase toda a sua fortuna ao munic\u00edpio de Vieira de Leiria, para aplica\u00e7\u00e3o em escolas e em uma funda\u00e7\u00e3o cultural. Mesmo assim, iniciou-se luta judicial dos herdeiros e Rosalina Ribeiro foi misteriosamente assassinada com dois tiros, em sete de dezembro de 2009, em Maric\u00e1, RJ, quando vistoriava as propriedades por ele ali deixadas. L\u00facio Tom\u00e9 Feteira \u00e9 patrono da avenida que liga os bairros de Vila Lage e Barro Vermelho, em S\u00e3o Gon\u00e7alo. \u00a0<\/span><\/p>\n

Voltemos, entretanto, ao apoio por ele dado aos antissalazaristas que emigraram para c\u00e1. Um deles era Jaime Alberto de Castro Morais, nascido em 13 de julho de 1882 em Macedo de Cavaleiros, m\u00e9dico e oficial da Armada Portuguesa. Formado pela Escola M\u00e9dico-Cir\u00fargica do Porto em 1904, alistou-se no ano seguinte como guarda-marinha. Promovido a segundo-tenente, em 1909, e a primeiro-tenente, em 1910, participou ativamente da revolu\u00e7\u00e3o de cinco de outubro de 1910, que levou \u00e0 implanta\u00e7\u00e3o da rep\u00fablica portuguesa. De janeiro de 1911 a fevereiro de 1912, foi secret\u00e1rio-geral do governo de Angola. Em janeiro de 1914 era nomeado governador do Distrito do Congo, na ent\u00e3o col\u00f4nia de Angola, e ap\u00f3s dominar as tribos locais, voltou \u00e0s suas atividades de m\u00e9dico militar, at\u00e9 ser promovido a capit\u00e3o-tenente em 1917, ano em que, em setembro, foi nomeado governador interino de Angola, cargo em que ficou at\u00e9 a ele renunciar em 15 de setembro do ano seguinte, por discordar do novo governo que se instalara, e contra este liderou, juntamente com outros oficiais, o Movimento de Santar\u00e9m, eclodido em 10 de janeiro de 1919, e integrou naquele mesmo ano as for\u00e7as pr\u00f3-republicanas que derrotaram a Monarquia do Norte. <\/span><\/p>\n

Nomeado governador da \u00cdndia em outubro de 1919, Jaime exerceu o cargo at\u00e9 abril de 1925, quando retornou a Portugal e cumpriu miss\u00f5es militares e administrativas, mas se revoltou com a implanta\u00e7\u00e3o da Ditadura Nacional, em 1926, e participou de v\u00e1rios atos de insurg\u00eancia, como a Revolta de tr\u00eas de fevereiro de 1927, no Porto, de que foi um dos l\u00edderes e que resultou em processo que o demitiu da Armada Portuguesa. Refugiado na Espanha, ingressou clandestinamente em Portugal, foi preso em primeiro de maio de 1928 e deportado para a Ilha de S\u00e3o Tom\u00e9, de onde fugiu em outubro, foi para a Fran\u00e7a e ali ficou at\u00e9 1931, ano em que retorna \u00e0 Espanha, de onde foi expulso ao serem descobertas suas atividades contra o governo portugu\u00eas. A volta \u00e0 Fran\u00e7a n\u00e3o foi demorada: reunindo exilados portugueses em Fran\u00e7a e Espanha, planeja em 1938 a invas\u00e3o de Portugal por terra e mar, mas o plano n\u00e3o p\u00f4de ser executado por causa da derrota dos republicanos espanh\u00f3is. Preso e recolhido a um campo de concentra\u00e7\u00e3o da Espanha, Jaime de Morais foi solto meses depois, atravessou a Fran\u00e7a como clandestino, por haver uma ordem de pris\u00e3o contra ele, e refugiou-se na B\u00e9lgica. Resolvida a quest\u00e3o judicial francesa, retorna a Paris em janeiro de 1939, por\u00e9m a tomada da cidade pelos nazistas em 1940 faz com que ele volte a Portugal, seja preso e expulso, tomando o caminho do Brasil como exilado.<\/span><\/p>\n

\u00c9 nestas condi\u00e7\u00f5es que aqui chega e, no ano seguinte, conhece L\u00facio Tom\u00e9 Feteira, que lhe d\u00e1 o cargo de gerente geral da Covibra, na Vila Lage, na qual ficaria at\u00e9 sua aposentadoria em 1958, per\u00edodo em que d\u00e1 suporte aos outros antissalazaristas que para c\u00e1 vinham. Jaime Alberto de Castro Morais foi condecorado com as comendas da Ordem Militar de (S\u00e3o Bento de) Avis, da Ordem de Santiago da Espada, da Ordem da Coroa da B\u00e9lgica, grande oficial da Ordem de Cristo, Medalha de Comportamento Exemplar de prata, Medalha da Campanha da Guin\u00e9, Medalha de Valor Militar, Medalha de Ouro da Campanha do Congo e Medalha de Ouro da Campanha de Angola.<\/span><\/p>\n

Ao aposentar-se na Covibra, Jaime de Morais recebeu de L\u00facio Tom\u00e9 Feteira um isqueiro especialmente confeccionado para ele e que \u00e9 mantido por seus descendentes, residentes em Niter\u00f3i, cidade em que faleceu em 20 de dezembro de 1973 e onde foi sepultado no Cemit\u00e9rio de Maru\u00ed.<\/span><\/p>\n

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Fontes<\/b>: Correio da Manh\u00e3, Lisboa, 14-08-2010, p. 1.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Historiadora Helo\u00edsa Paulo, entrevista na Revista Tema Livre, 21-08-2010.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Jayme Eduardo Bucero de Moraes, neto de Jaime de Morais.<\/span><\/p>\n

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