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{"id":1056,"date":"2016-09-24T23:19:37","date_gmt":"2016-09-25T02:19:37","guid":{"rendered":"http:\/\/www.fredericocarvalho.com.br\/?p=1056"},"modified":"2016-09-24T23:19:37","modified_gmt":"2016-09-25T02:19:37","slug":"a-terra-dos-duelos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.fredericocarvalho.com.br\/tema\/sao-goncalo\/a-terra-dos-duelos\/","title":{"rendered":"A terra dos duelos"},"content":{"rendered":"

Desde que o homem surgiu sobre a face da Terra h\u00e1 ind\u00edcios arqueol\u00f3gicos da pr\u00e1tica do duelo, o combate entre dois advers\u00e1rios em que um deles exige do outro a repara\u00e7\u00e3o de uma ofensa. Geralmente terminado em morte de um dos contendores, n\u00e3o era considerado homic\u00eddio, devido \u00e0s regras r\u00edgidas aprovadas por seus praticantes e \u00e0 presen\u00e7a de um juiz.<\/span><\/p>\n

Destinados a resolver quest\u00f5es de honra, os duelos se multiplicaram a partir do s\u00e9culo XV, dizimando parte da nobreza, o que levou a Igreja Cat\u00f3lica a proibi-lo no Conc\u00edlio de Trento, em 1545, sob pena de excomunh\u00e3o para seus praticantes. A partir da\u00ed, v\u00e1rios estados nacionais tamb\u00e9m adotaram a proibi\u00e7\u00e3o mediante lei pr\u00f3pria. <\/span><\/p>\n

Entretanto, nem a pena religiosa do inferno nem a pena legal da pris\u00e3o foram suficientes para abolir os duelos, praticados nos primeiros tempos da Humanidade com martelos de pedra e, na Idade M\u00e9dia e na Renascen\u00e7a, com espada, ou florete, ou pistola. No m\u00e1ximo, foi amenizada sua consequ\u00eancia com o chamado duelo do primeiro sangue, isto \u00e9, atingido um dos contendores, mesmo que n\u00e3o mortalmente, era o combate encerrado com a derrota do ferido.<\/span><\/p>\n

Portugal foi o primeiro pa\u00eds a proibir formalmente o duelo, ainda no s\u00e9culo XVI, e na cent\u00faria seguinte o imperador Lu\u00eds XIII proibia-o na Fran\u00e7a. Por\u00e9m, a cultura duelista era de tal forma arraigada na sociedade de ent\u00e3o que o duelo continuou a ser praticado, a ponto de, em fevereiro de 1887, o conde Pfunyi, em Peste (Hungria), haver comemorado seu 51\u00ba duelo com banquete de que s\u00f3 participava quem houvesse feito pelo menos seis duelos e fosse homem, exce\u00e7\u00e3o aberta para apenas uma mulher, que matara um homem. Segundo os jornais da \u00e9poca, foi um desfile de pessoas sem orelhas, olhos, nariz e com cicatrizes de outros ferimentos.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0A resist\u00eancia ao duelo era tal que o Reischstagg (parlamento) da \u00c1ustria resolveu tamb\u00e9m aboli-lo por lei, em 1902, enquanto na Pr\u00fassia o mesmo s\u00f3 ocorreu anos depois devido \u00e0 oposi\u00e7\u00e3o do ex\u00e9rcito e da nobreza protestante, ambos favor\u00e1veis a essa forma de solu\u00e7\u00e3o de ofensas morais. A longevidade de tal pr\u00e1tica foi atestada pelo Uruguai, que s\u00f3 a proibiu em 1980, ou seja, recentemente.<\/span><\/p>\n

Se Portugal j\u00e1 havia proibido o duelo na metr\u00f3pole e tamb\u00e9m nas col\u00f4nias no s\u00e9culo XVI, o Brasil estava sujeito \u00e0 proibi\u00e7\u00e3o, no per\u00edodo colonial, e a teve confirmada depois da Independ\u00eancia, com a constitui\u00e7\u00e3o outorgada por Pedro I, em 1824. Por\u00e9m, como no resto do mundo, inclusive no territ\u00f3rio portugu\u00eas, os duelos continuaram a ser aqui praticados, embora \u00e0s escondidas das autoridades.<\/span><\/p>\n

Justamente por essa pr\u00e1tica de duelar longe dos olhos oficiais, S\u00e3o Gon\u00e7alo foi escolhido para palco de muitos duelos. Assim ocorreu em dois de dezembro de 1896, quando duas figuras da alta sociedade de Niter\u00f3i decidiram resolver suas desaven\u00e7as no tiro. Prepararam-se, embarcaram em uma canoa e dirigiram-se \u00e0 Ilha de Itaoca, onde desembarcaram acompanhados de um m\u00e9dico. N\u00e3o contavam com o delegado de pol\u00edcia gon\u00e7alense, coronel (da Guarda Nacional) Dom\u00edcio Dias de Menezes, que circulava tamb\u00e9m nas rodas niteroienses, foi informado e seguiu por terra para a mesma ilha. Ali esperou o desembarque dos desafiantes, apreendeu-lhes as duas pistolas Laport que portavam e os mandou de volta a Niter\u00f3i, acompanhados de escolta. Os dois eram personalidades de tal import\u00e2ncia que s\u00f3 um jornal noticiou o fato, sem publicar os nomes deles, e todos os demais o ignoraram ou chegaram mesmo a alegar que ele n\u00e3o existira, apesar dos dois rev\u00f3lveres apreendidos.<\/span><\/p>\n

Caso bem mais rumoroso foi o do duelo entre os jornalistas italianos Attilio Turchi, diretor de La Stampa, e bar\u00e3o Gino Doria, diretor do Corriere Italiano, que se desentenderam na cidade do Rio de Janeiro e vieram duelar no Porto da Pedra. Tudo come\u00e7ou com ofensas rec\u00edprocas, a que se seguiu o desafio m\u00fatuo entre os dois ex\u00edmios esgrimistas. De canoa, atravessaram a Ba\u00eda de Guanabara em sete de outubro de 1917, acompanhados dos padrinhos Alberto Bianchi e Nunzio Di Giorgio (do primeiro) e Franco Chelta e Lorenzo Marino (do segundo), al\u00e9m dos m\u00e9dicos Heitor Rigoli e Greg\u00f3rio Rispolli. \u00c0s 11 horas come\u00e7ou o duelo de primeiro sangue (a sabre, ou a florete, conforme cada jornal que o noticiou) e, no oitavo assalto, Gino Doria foi ferido no antebra\u00e7o esquerdo, sendo declarado derrotado. Doria foi medicado, reconciliou-se com Turchi e recolheu-se \u00e0 resid\u00eancia. Voltaram ao Rio, mas os jornais noticiaram o fato, o que levou o juiz municipal Oldemar de S\u00e1 Pacheco (29-06-1881\/27-06-1957) a solicitar \u00e0 pol\u00edcia fluminense a abertura de inqu\u00e9rito, ouvir contendores, padrinhos e m\u00e9dicos, at\u00e9 que esta recebeu ordem de os autos serem enviados para a ent\u00e3o capital federal, onde o caso, pela import\u00e2ncia de suas personagens, foi \u201cabafado\u201d.<\/span><\/p>\n

O futuro mostrou que a derrota foi boa. <\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0O perdedor daquele combate de esgrima, Gino Doria, nascera em N\u00e1poles em 1888, chegou \u00e0 Argentina em 1910 e se transferiu para o Rio de Janeiro alguns anos depois. Aqui, ap\u00f3s perder o duelo em 1917, decidiu voltar \u00e0 It\u00e1lia no ano seguinte para l\u00e1 continuar no jornalismo, at\u00e9 que foi proibido de exercer a profiss\u00e3o por opor-se ao fascismo. Nomeado diretor do Museu de San Martino, aprofundou seus conhecimentos da hist\u00f3ria napolitana, tornou-se bibli\u00f3filo e historiador, escreveu doze livros (um deles sobre a Hist\u00f3ria da Argentina e a do Brasil), acerca de D\u00f3ria foram escritos dois livros biogr\u00e1ficos (ambos desconhecendo a hist\u00f3ria do duelo) e seu nome \u00e9 verbete no Dicion\u00e1rio Biogr\u00e1fico dos Italianos, de 1992. D\u00f3ria faleceu em N\u00e1poles em 1975, aos 87 anos de idade, e \u00e9 at\u00e9 hoje reverenciado pelos conterr\u00e2neos intelectuais.<\/span><\/p>\n

V\u00e1rios outros duelos foram registrados pela imprensa em S\u00e3o Gon\u00e7alo, notadamente no distrito de Neves, mas nenhum deles alcan\u00e7ou a repercuss\u00e3o dos dois acima relatados.<\/span><\/p>\n

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Fontes<\/b>: Grande Enciclop\u00e9dia Larrousse Cultural, editora Nova Cultural Ltda., edi\u00e7\u00e3o de 1998, p. 1990.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0O Fluminense, 09-03-1887, p. 3; 04-12-1896, p. 1; 12-06-1902, p. 2; 08-10, p. 2, 14-10, p. 1, 16-10, p. 1, 23-10, p. 1, e 25-10-1917, p. 1.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Jornal do Commercio, 08-10-1917, p. 4.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Jornal do Brasil, 11-10-1917, p. 7.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Di\u00e1rio do Povo, Macei\u00f3, AL, 11-10-1917, p. 2.<\/span><\/p>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Wikip\u00e9dia italiana, acessada em 31-05-2012. <\/span><\/p>\n

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