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{"id":1101,"date":"2016-10-11T11:04:14","date_gmt":"2016-10-11T14:04:14","guid":{"rendered":"http:\/\/www.fredericocarvalho.com.br\/?p=1101"},"modified":"2016-10-11T11:37:55","modified_gmt":"2016-10-11T14:37:55","slug":"de-malandros-a-bandidos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.fredericocarvalho.com.br\/autores\/pereira-da-silva-pereirinha\/de-malandros-a-bandidos\/","title":{"rendered":"De Malandros e Bandidos"},"content":{"rendered":"

Malandro, h\u00e1 alguns anos, era sin\u00f4nimo de cara esperto. Vagabundo, sujeito desocupado. Bandido, ladino. Tudo isto, no entanto, n\u00e3o significava naqueles tempos desrespeito e desumanidade. Em verdade, tudo se resumia em estilo de vida. Os tr\u00eas at\u00e9 se desculpavam por estar se apropriando das coisas alheias. Os malandros, vagabundos e bandidos se vestiam com simplicidade, de maneira singular. Hoje, alguns bandidos usam terno, e at\u00e9 com gravata, dissimulando apenas para confundir ou criar vis\u00f5es aparentemente saud\u00e1veis.
\nNos dias de hoje, malandro, vagabundo e bandido s\u00e3o palavras quase sin\u00f4nimas e seus respectivos sujeitos trabalham, uns \u00e0 luz do dia, outros protegidos pelas sombras da noite, em situa\u00e7\u00f5es de perigo, arriscando a vida. Malandros, vagabundos e bandidos, queridos leitores, s\u00e3o, sim, trabalhadores em ambientes insalubres em qualquer lugar que atuem. No trabalho, assaltando ou roubando o semelhante, eles podem contrair doen\u00e7as, serem feridos e at\u00e9 mortos.
\nO fim n\u00e3o justifica os meios, mas, convenhamos, esses homens e mulheres, buscam a sobreviv\u00eancia, ganhar o p\u00e3o de cada dia, o leite das crian\u00e7as, mesmo sabendo que nesse labor di\u00e1rio ao inv\u00e9s de prolongar a vida p\u00f5e fim a ela e v\u00e3o para o c\u00e9u ou para o inferno. H\u00e1 os que, no desespero em que se encontram, acham que n\u00e3o t\u00eam nada a perder e, portanto, seguem praticando os atos mais abomin\u00e1veis.
\nIsso provavelmente n\u00e3o tenha conserto nem remedia\u00e7\u00e3o \u00e0 vista, mas cabe \u00e0s autoridades trabalharem no sentido de diminuir esse concerto lament\u00e1vel da vida que coloca todos os seres num mesmo claustro escuro, sem perspectivas de verem a luz. A educa\u00e7\u00e3o \u00e9 um dos meios adequados para se alcan\u00e7ar no futuro uma sociedade civilizada e educada, com emprego e renda, sem que seja preciso roubar e matar.
\nAo inv\u00e9s de se construir mais pres\u00eddios para abrigar mais criminosos, num intuito de proteger a sociedade, construa-se mais escolas, estabele\u00e7a-se melhores condi\u00e7\u00f5es de sobreviv\u00eancia para o povo, \u00e0s fam\u00edlias, homens, mulheres e crian\u00e7as. Os governos devem pensar, n\u00e3o apenas nas suas pr\u00f3prias fam\u00edlias, mas nas fam\u00edlias de todos, nas fam\u00edlias que comp\u00f5em o quadro social do pa\u00eds, dos estados e dos munic\u00edpios.
\nA seguran\u00e7a p\u00fablica \u00e9 fundamental na composi\u00e7\u00e3o desse quadro de sobreviv\u00eancia. Mas n\u00e3o basta termos uma pol\u00edcia preparada militarmente, com o objetivo de vencer o crime pela for\u00e7a das armas ou pela ast\u00facia, manobrando para enganar os meliantes. Uma pol\u00edcia inteligente n\u00e3o \u00e9 aquela que persegue e descobre o escondirijo dos salteadores, assaltantes e traficantes, mas, sim, a que age humanamente e indica o caminho da retid\u00e3o.
\nDepurar os quadros policiais dos seus elementos perniciosos, dos que agem como bandidos, tamb\u00e9m \u00e9 necess\u00e1rio, mas tamb\u00e9m \u00e9 importante que se eduquem os agentes da seguran\u00e7a p\u00fablica, pois \u00e9 por todos os t\u00edtulos conden\u00e1vel uma associa\u00e7\u00e3o esp\u00faria entre policiais e bandidos. N\u00e3o se pode aceitar que agentes da lei atuem de maneira a permitir que a criminalidade se institua como imp\u00e9rio do medo, pois eles pr\u00f3prios e suas fam\u00edlias tamb\u00e9m ser\u00e3o v\u00edtimas do crime que praticam.
\nEstabelecer um clima de respeito m\u00fatuo no seio social, entre os agentes policiais e as fam\u00edlias, vendo-se naqueles partes indissoci\u00e1veis das pr\u00f3prias fam\u00edlias e, portando, da sociedade, \u00e9 fundamental para a sobreviv\u00eancia de todos. Vejam, o que adianta termos um Batalh\u00e3o da Pol\u00edcia Militar, com 500, mil ou cem mil soldados, dezenas delegacias de pol\u00edcia civil, se seus integrantes n\u00e3o se respeitam nem s\u00e3o respeitados? N\u00e3o adianta nada. S\u00e3o simplesmente coisa sem valor e sem valia.
\nPS: O 7\u00ba BPM est\u00e1 instalado nas portas do bairro Trindade, mas nesse bairro as fam\u00edlias vivem assustadas, amedrontadas, porque os roubos, os assaltos, s\u00e3o quase di\u00e1rios, e essas fam\u00edlias em estado de inseguran\u00e7a acreditam, embora n\u00e3o falem, que n\u00e3o est\u00e3o protegidas.
\nE de quem seria a culpa? Do 7\u00ba BPM, do seu comando e dos seus soldados? Sim e n\u00e3o.<\/p>\n

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\n* Pereira da Silva, Pereirinha \u00e9 secret\u00e1rio da Uni\u00e3o dos Jornalistas e Comunicadores de S\u00e3o Gon\u00e7alo (UNIJOR), editor do jornal Metr\u00f4 Car e colunista dos jornais Monitor Mercantil (Rio) e Jornal de Hoje (Nova Igua\u00e7u).<\/p>\n

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