Entrando no quartinho, que tem placa de consult\u00f3rio, o jovem m\u00e9dico lhe indaga o que tem, porque est\u00e1 ali. E voc\u00ea conta a sua hist\u00f3ria, um pouquinho desconfiado da compet\u00eancia do cara, porque voc\u00ea foi a ele para saber o que tem, isto porque voc\u00ea simplesmente quer saber. Mas o oftalmo prossegue, com ar de lente altamente experiente. Leva voc\u00ea pra sentar em uma cadeira, tendo ao lado uma bela gerigon\u00e7a, na verdade um esquisito esqueleto, com bra\u00e7os e cabe\u00e7as de Medusa, tent\u00e1culos altamente suspeitos. <\/div>\n
Mexe pra c\u00e1, mexe pra l\u00e1, derrama um l\u00edquido nos seus olhos, olha neles atrav\u00e9s de outra gerigon\u00e7a que se aproxima, se afasta, acende uma luz, apaga, acende outra, mais l\u00edquido. E, ao fim de alguns longos minutos, olha pra voc\u00ea e diz: – O Senhor est\u00e1 com a press\u00e3o ocular muito alta, uma catarata, glaucoma, mas n\u00e3o precisa operar. Vamos cuidar disso. N\u00e3o podemos deixar essa coisa avan\u00e7ar.<\/div>\n
<\/div>\n
E indaga se voc\u00ea usa algum col\u00edrio, se n\u00e3o usa vai ter que usar que \u00e9 para equilibrar a press\u00e3o ocular, pois sen\u00e3o corre o risco de ficar cego, porque o campo de vis\u00e3o vai se fechando at\u00e9 ficar tudo escuro, ou seja, cego. Voc\u00ea reclama dos pre\u00e7os do col\u00edrio. Ele responde que \u00e9 isso mesmo, tudo est\u00e1 caro, e penalizado com a sua situa\u00e7\u00e3o, ele abre a gaveta e pega uma caixinha, pega da caneta e escreve num receitu\u00e1rio o nome do col\u00edrio e diz: esse \u00e9 o mais barato, mas resolve. Os outros s\u00e3o car\u00edssimos.<\/div>\n
<\/div>\n
Ao passar \u00e0s suas m\u00e3os a receita, recomenda: marque a consulta no balc\u00e3o. No balc\u00e3o, a mo\u00e7a informa que marca\u00e7\u00e3o de consulta s\u00f3 no pr\u00f3ximo m\u00eas. E a\u00ed, meu caro, a via crucis ainda n\u00e3o terminou, porque a consulta ser\u00e1 marcada para algumas semanas adiante. <\/div>\n