Num quarto de hotel, de uma pousada, de uma hospedaria, tira-se ou nasce uma vida. A f\u00eamea se entrega com repugn\u00e2ncia, com nojo, com um gosto amargo na boca ou com prazer. Muitas se entregam com prazer e satisfa\u00e7\u00e3o deliciosa. E depois…? O que acontece? S\u00f3 ela no seu \u00edntimo sabe e \u00e0s vezes nem sabe descrever o prazer que sentiu ao ser penetrada, possu\u00edda. Mas quem foi for\u00e7ada, brutalmente possu\u00edda, sabe perfeitamente o tamanho da desonra, da vergonha. De qualquer maneira \u00e9 uma coisa triste, terr\u00edvel, assustadora.<\/div>\n
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As pequenininhas tinham esperan\u00e7a e essa esperan\u00e7a foi-lhes destru\u00edda junto com a vida. A f\u00eamea teria se acabado naquele quarto de hotel, naquela noite de tempestade se n\u00e3o lhe restasse a esperan\u00e7a, a esperan\u00e7a de se reencontrar na vida. Ele se foi e ela tamb\u00e9m ao conv\u00edvio da fam\u00edlia, dos amigos.<\/div>\n
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Ele desapareceu. Provavelmente n\u00e3o voltariam a se encontrar. Aquela noite foi um terr\u00edvel pesadelo. Um pesadelo que, quem sabe, se transformara numa coisa boa ou m\u00e1. Ningu\u00e9m saberia diz\u00ea-lo, mas nem sempre as coisas que assustam, que desnorteiam, s\u00e3o inteiramente terr\u00edveis.<\/div>\n
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\u00c0s vezes n\u00e3o.\u00a0 O fato \u00e9 que aquela imagem da avezinha voando, planando, significava liberdade de viver, de gozar a vida, um prazer \u00fanico. Uma andorinha, a exemplo de outras aves migrantes, percorre um vasto mundo. Um mundo para muitos desconhecido.<\/div>\n