Cadê meu final feliz?

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Os meninos das categorias de base do Flamengo poderiam estar em qualquer escola do Rio de Janeiro e, numa delas, terem morrido. Caso isso acontecesse, a escola já estaria fechada, o Conselho Tutelar e o MP já teriam sido acionados, a direção já estaria presa e a imprensa não estaria dando tons de fatalidade, mas de criminalidade.

Se as mortes provocadas pela Samarco e pela Vale fossem contar como verdadeiros crimes ambientais, ao patrimônio e às pessoas, além do montante em dívidas para pagar, muitos executivos já estariam presos.

Se as mortes e agravamentos de saúde de pacientes do SUS fossem averiguadas a miúde, analisando contratos, logística, perdas e sobretudo, roubos, não só a saúde seria maravilhosa como haveria recursos em qualquer unidade médica.

No decantado objetivo de evitar os desvios, a máquina não anda, as mortes acontecem e só quem empobrece é o povo e o estado. Os agentes públicos de alto escalão nunca empobrecem e, se morrem, é em hospitais de primeira linha.

Políticos assumem seus cargos com tornozeleiras. São importantes legisladores de dia e meros presidiários à noite.

Enquanto isso, o STF acha uma indignidade uma investigação da Receita Federal sobre seus membros, como se fossem imunes à criminalidade e fiéis escudeiros de todas as qualidades morais e éticas, judicializando, de temas insipientes, aos mais importantes. Sempre no controle de toda e qualquer situação e sem nenhuma transparência.

Os partidários se debruçam entre direita e esquerda. E ninguém se debruça sobre o que o povo precisa.

E assim seguimos sem educação, sem saúde, sem empregos, sem segurança, sem justiça social, sem saneamento básico, sem participação efetiva dos entes públicos, sem direitos aos serviços que o nosso imposto recolhido deveria oferecer, sem transporte decente, sem nada.

Somos apenas o público pagante que assiste a uma novela de acontecimentos sórdidos e sombrios, a espera de um final feliz que não chega nunca.

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