Intervenção ou massacre?

Estou dividido com relação à intervenção na segurança, definida pelo Planalto, no Estado do Rio. Não que toda ajuda não seja bem-vinda. Mas a eficácia depende de tantos fatores, que fica difícil uma opinião de imediato.

Precisaríamos, logo de início, entender as causas da insegurança. E o fazendo, veremos que não estão nas classes mais populares, como querem nos fazer crer. Apesar de não haver santidade nelas, precisamos assumir a consciência de que eles são a vítima mais sensível de todo esse processo.

Barriga roncando de fome não é boa conselheira. Os mais resistentes sofrem pela sua falta de aparelhamento de sobrevivência. Os mais afoitos e influenciáveis querem matar a sua fome de alimento e de bens que a televisão e a internet sinalizam a todo momento. Precisam de dinheiro para satisfazer seus anseios e isso tem que ser rápido. Não há forma mais rápida do que tirar de quem tem, inclusive a vida.

A grosso modo culpamos essas pessoas pelo que se tornaram. Mas elas foram vítimas de uma violência que, em princípio, não produziram. Responderam com violência a violência que sempre receberam. Ninguém se preocupou com elas, nem com os encarcerados, nem com os analfabetos funcionais, nem com a vacina diluída em tantas doses, nem com a falta de hospitais, nem nada.

“Violência gera violência!”

A violência vem de cima para baixo. O que vem de baixo para cima é reação do que chegou ao mais baixo grau de degradação, do que não tem mais esperança, do que depende de alguns poucos anos de vida marginalizada para morrer na flor da idade, sem ter aproveitado o prazer de uma vida comum – para quem não sabe, viver de foma comum é algo maravilhoso!

Intervenção na segurança deveria começar por quem policia, por quem julga, por quem tem poder e o utiliza indevidamente, por quem enriquece e burla as autarquias fazendárias…

Darcy Ribeiro dizia que menor número de escolas corresponderia a maior número de presídios. E vemos isso hoje. O Rio de Janeiro encolhe suas vagas para economizar e não tem presídios com qualquer cunho educativo. Não preparam o homem para o reintegrar à sociedade quando possível. Antes o trata como dejeto e o despeja numa latrina estadual sem qualquer chance de lugar ao sol. Mas não se intervém na educação.

“Não é uma ação de vida. É uma ação de morte!”

O Direito se fundamenta em usos e costumes, em moral e ética. Quando uma lei amoral e antiética é promulgada, alguém é favorecido quando muitos são penalizados.

Se a intervenção na segurança é necessária, que seja na segurança contra os que prejudicam o cidadão comum de seus algozes. Não só os encapuzados, mas os que se camuflam debaixo das capas do poder.

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