Quixotes

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O Governo Estadual também sabe ser bonzinho. A prova é que milhares de alunos que deveriam concluir o Ensino Médio apenas em 2017 por conta da greve dos professores, poderão receber seus certificados de conclusão, inclusive sem cumprir os “obrigatórios” 200 dias letivos, bastando para isso passarem no ENEM ou em qualquer vestibular ou concurso. Os que não passarem ou não prestarem qualquer dessas avaliações, estudarão até 2017, ainda correndo risco de recuperação e de progressão parcial, a nossa famosa “dependência”. Interessante é que ninguém protestou porque não terá Artes ou Filosofia ou História ou qualquer outra disciplina para complementar seu currículo. Nem Educação Física, que a turma abomina, com honrosas exceções.

A moçada que hoje ocupa escolas assume o discurso de que é para melhorar o Ensino Médio e a qualidade do ensino. Mas como ensinar se o aluno não larga o celular em sala de aula, não para de conversar, chega à hora que quer, filma a aula do professor, não aceita ser corrigido, falta sempre o máximo possível, agride professores e colegas, não apresenta trabalho e tarefas de casa, falta no dia de prova, sempre põe a culpa na professora e ainda exige os direitos que o Estatuto da Criança e do Adolescente “lhe dá”, mesmo que não os tenha?

O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – nunca teve bom resultado, em termos de Brasil, mas ninguém ocupava escola e nem ocupa hoje porque ficamos bem abaixo da meta. O Enem era uma necessidade e em todos os anos a prova passou por fraude, fraude da fraude e fraude da fraude da fraude. Reclamou-se, disseram que se investigou e o Enem continuou bem visto pelos estudantes. Só que hoje, é tido como uma forma de fazer com que o estudante rico chegue à universidade pública, em detrimento do pobre. Deve ter se transformado de 2015 para cá. Talvez isso justifique não desocuparem as escolas que deveriam ter o dito exame. Quem sabe?

Vejo como notável a ocupação das Escolas, quando o poder é exercido nas Secretarias de Educação e nos Palácios dos Governos. Onde estão os protestos contra a falta de merenda e de condições de estudo nas Escolas Municipais? Quantas Escolas Estaduais, em São Gonçalo, serão desativadas em 2017 para Pezão não gastar?

A Escola é do Povo e não de quem a ocupa.

Enquanto isso o jovem ocupa escola, não estuda, não se esforça, está sempre cansado, muita matéria, não tem oportunidades e só descobriu o rombo na sua educação agora…

Ainda há tempo para consertar, desde que se proteste de forma correta. Sabe por quê? Porque há algum tempo atrás, não havia tantas escolas, não eram próximas, fazíamos provas para conseguir ocupar uma vaga, trabalhávamos para nos manter na escola, pagávamos nossas próprias passagens ou íamos andando mesmo e nossa merenda era pão-com-qualquer-coisa que a gente levava de casa, quando podia. Comprávamos os livros e os uniformes e achávamos que estudar era um grande privilégio. Bem diferente de hoje…

A Escola é do Povo e não de quem a ocupa. Cada um tem direito de utilizá-la no horário reservado para o seu desenvolvimento pedagógico e acadêmico. Fora desse horário, há outro alguém que também está matriculado para usar o mesmo espaço e está impedido por quem diz lutar pela educação sem se importar em atrapalhar o outro que quer exercer seu direito.

Para completar, como podemos avaliar se as medidas do governo foram um retrocesso se ainda nem as conhecemos direito?

Só esqueceram de contar que quanto menos se usa a sala de aula com coerência, pior será o uso das urnas no futuro.

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