Sedentos de sangue e de poder

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O fardo do povo de nosso país continua pesado.

A ética que alguns políticos ainda vestiam parece que foi pano que ruiu. Um tecido raro que não se busca usar sob qualquer pretexto. Antes, usam uma imitação sintética e pouco expressiva, que engana alguns, desagrada outros e enriquece tantos mais.

Não há mais como diferenciar os políticos pelos partidos. Não são agremiações que busquem servir a Nação com honra, patriotismo e amor, dentro do viés professado pelos filiados. Diferem-se apenas no discurso, mas são semelhantes nas práticas lesivas, servindo apenas de agrupamento de políticos com intenções mais ou menos parecidas em que o poder é o grande objetivo. Mas não é o poder de desenvolver plataformas populares. É o poder pessoal e extremamente influente e, sobretudo, com muito dinheiro.

Quanto uma pessoa precisa gastar para ter uma vida razoavelmente confortável? Mas políticos não querem uma vida razoavelmente confortável. Ganham o suficiente para não passarem qualquer aperto financeiro, mesmo quarenta anos após a própria morte. A vida se esvai mais rapidamente que a grana que se acumulou e que não serviu para nada a não ser para a ganância. Pior ainda é que a fonte de todo esse dinheiro quase nunca tem origem lícita ou honesta.

Não há, em qualquer esfera de poder, unanimidade pelo servir. Mas há uma gigante maioria que só se lembra do povo na época das eleições ou nos discursos genéricos, falando de saúde, educação, trabalho e segurança. Tudo disfarce, tudo factoide.

O Brasil não precisa de nada a não ser de honestidade. Caso ela exista, nosso país não só se recupera como passa a prosperar, mesmo sem programas sociais explícitos e nem sempre honestamente aplicados como “Bolsa Família”, “Minha Casa, Minha Vida”, etc.

Honestidade é algo básico, mas tão em desuso que precisa ser destacada como algo sobrenatural, só porque é pouco utilizada.

Foi-se o tempo que as mães olhavam nossas pastas escolares – sim: eram pastas pesadíssimas de três divisões, feitas de couro. Verificavam nosso material e não permitiam que aparecesse sequer um lápis que não fosse reconhecidamente nosso. Confiança era joia de alto valor.

Hoje não se corresponde à confiança que o povo oferece. Na maioria das vezes se trai, cravando os dentes nas jugulares do povo como vampiro macabro que só mantém a vítima viva para ser servido com novas doses de sangue.

E mesmo que respirando por aparelhos – aliás, nem por eles porque o dinheiro para tal desapareceu – o país continua nas mãos desses monstros que se abastecem de nossas ilusões de vampiros bons e vampiros maus.

Os mais espertos tornam-se vampiros também. Os mais honestos buscam estacas para fincarem nos vampiros das próximas eleições. Quem sabe consigam?

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