Revivendo um pouco do passado

Parado, aqui no meu cantinho, começo a pensar em como o tempo corre celeremente e é o autêntico senhor da razão, como diria o meu amigo poeta, Zé Peninha. Num piscar de olhos, já estamos no finalzinho de 2016 e nos aproximando de 2017. Tudo para lembrar que, quando cheguei de Recife, em fevereiro de 1958 – com os meus quase 18 anos – fui morar na Galeria Cruzeiro, bem pertinho do 3º BI.
Na época, aconteciam greves de ônibus, de barcas; paralisação de estudantes – pleiteando gratuidade nos transportes coletivos e em cinemas. Muitas vezes, eu era obrigado a caminhar, da Venda da Cruz à Niterói, em busca de trabalho. Tive a sorte de conhecer um vizinho, de nome Paulo. Foi graças a ele e, por sua interferência, que comecei a trabalhar no antigo Banco Ribeiro Junqueira, por quase 10 anos.
Tinha trabalhado em Padaria, em Posto de Gasolina e, no Edifício Vassal, na Avenida Amaral Peixoto, Niterói; como faxineiro e ascensorista. Para quem ainda não leu o meu primeiro livro, só tive condições de começar a estudar com idade bem avançada. Por isso insisto em dizer que nunca é tarde para começar…
Dito isso, passo a relembrar alguns fatos relacionados ao município de São Gonçalo – especialmente o bairro de Neves, 5º distrito – que já foi considerado o ponto mais alto da economia, social, e política desta cidade. Em Neves, além de uma boa quantidade de fábricas, havia também grande movimento portuário – de onde se transportavam, em lanchas, inúmeros produtos gonçalenses para o Rio de Janeiro.
O bairro foi sede do 11º Batalhão; foi berço da Guarda Nacional e, também, a Guarda Noturna – fundada pelo Capitão Rubens Orlandini. Tudo nos anos 60, quando um dos principais meios de transportes ainda era o Bonde. Portanto, cheguei de Recife em tempo de presenciar uma época em que o povo desta cidade era feliz e não sabia.
Neves foi um bairro próspero e seu comércio muito ativo. Indústrias e fábricas ajudavam, contribuindo com empregos, além de exportar produtos como tecidos, fósforos e matéria prima para outros estados do Brasil.
No Barreto – aos domingos – a praça era o principal centro de atração de jovens, adultos e idosos. Num grande palco, sob o comando de Eugênio Ribeiro, a galera vibrava, assistindo e aplaudindo grandes ídolos da música popular brasileira, como Angela Maria, Cauby Peixoto, Altemar Dutra, Dalva de Oliveira, Orlando Dias e uma série de outros.

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Marlene, Emilinha Borba, Ângela Maria e Cauby Peixoto – Era de ouro da Rádio Nacional –

O mais importante de tudo isso é que, além de não existir violência, como nos dias de hoje, o povo curtia e se divertia à vontade e não pagava absolutamente nada por isso. No final, todos voltavam para as suas respectivas casas e felizes da vida.

 

1 comentário em “Revivendo um pouco do passado”

  1. Parabéns pela entrevista!!!!! Valorizar a experiência dos idosos é um excelente exemplo para as novas gerações, que não tem acesso aos fatos históricos de São Gonçalo.

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