Sobre o Espiritismo

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(MENSAGENS PARA CAROLINA I)

 

Amiga Carolina, solidarizo-me com você quanto ao seu correto posicionamento e providências que tomou a respeito do comentário de um amigo seu no Facebook, cujas palavras por ele registradas a respeito do ESPIRITISMO, denotam, não só pensamentos preconceituosos (e quem sabe atitudes?), como,  também, total ignorância a respeito do assunto.

Observa-se hoje,  grande número de comentários nas redes sociais, expondo críticas de pessoas a respeito dessa ou daquela religião, muitas delas extremamente tendenciosas, tentando demonstrar  que determinadas religiões  são melhores que as outras, deixando transparecer a ilusão de serem donas da verdade.

Nota-se, no caso do Espiritismo e também das religiões afro, que ainda é grande a perseguição e o preconceito, e que,  em pleno Século 21, parece que a sociedade retorna ao passado sombrio da fogueira inquisidora, haja  vista impropérios e acusações dirigidas à Doutrina Espírita, numa expressa tentativa não só de ofendê-la, mas também de satanizá-la,  jogando-a  num patamar inexistente de “escória das religiões”, caída no limbo, como forma de desprezo e descaracterização como religião. Não sabem do que estão falando! Com os pensamentos paralisados pela ilusão e pela cegueira do fanatismo,  não pararam para pensar, sequer: “o que é e prá que serve a religião?”. Pergunto: Qual religião é perfeita? Qual a religião de Jesus? Qual religião Ele fez referência nos Seus ensinamentos? Respondo: NENHUMA. As religiões foram criadas pelos homens, que introduziram nelas as suas virtudes e os seus defeitos, de acordo com a sua condição, sua vontade e a sua interpretação . Daí, a imperfeição delas.

Sobre a sua finalidade, tenho um amigo espírita que diz: “A religião é como uma bengala que ainda precisamos para caminhar”. Nesse pensamento fica caracterizado  que as religiões são  um meio, não um fim. As religiões não dizem todas as verdades por não conhecê-las. Não são totais e absolutas, pois nossos conhecimentos são limitados e relativos. Sabemos que o homem pode evoluir moralmente, sem  precisar da “bengala” religiosa, sem fanatismo em crenças que o aprisionam na “matrix”, mas também sabemos que são raros esses espíritos evoluídos encarnarem por aqui, como o exemplo citado – o Cristo, além de outros que contribuíram com seus pensamentos e bases filosóficas como Siddharta Gautama (Buddha), Krishna, Lao-Tsé, Confúcio, Sócrates e outros.

A ignorância nesse assunto ainda é tão grande, que vemos todos os dias nos noticiários, guerras, crimes e barbaridades sendo cometidas em nome de uma religião, seus costumes e regras primitivas, onde as vidas humanas não têm qualquer valor se as pessoas não comungarem do mesmo ideal religioso, subvertendo um dos pilares do ensinamento cristão “Amai-vos uns aos outros”, sem falar nos modernos “vendilhões do templo” que usam e abusam, vendem e revendem os ensinamentos do Cristo no “mercado religioso”, fazem “milagres” e “profetizam” em nome do Senhor.  Como consta nos ensinamentos do Espírito Humberto de Campos, Judas vendeu Jesus por trinta dinheiros, mas hoje Ele é vendido por qualquer dinheiro e em qualquer lugar.    

Voltando ao Espiritismo, sabemos, até que se  prove o contrário, que é a única religião não criada pelos homens, foi criada pelos Espíritos, daí o nome Espiritismo. Não foi criada por Allan Kardec, como muitos  pensam. Este foi o grande Codificador da Doutrina, mas não o seu “inventor”. Kardec representa uma grande referência para o Espiritismo, mas não é o seu “dono”. É o seu ilustre Codificador.

A Doutrina Espírita não se caracteriza como uma religião propriamente dita, pois não concebe uma estrutura hierárquica formal de organização, não usa, dentre outras coisas, imagens, rituais, nem  pompas, vestimentas especiais, tronos, símbolos  etc. Não recolhe dízimo, não realiza e não cobra por “trabalhos”. Espiritismo não é Afro-religião, mas respeita os seus seguidores assim como  as demais religiões. O Espiritismo, como Cristianismo Redivivo, vem também relembrar e praticar os ensinamentos de Jesus; pregar a existência da reencarnação como um dos seus fundamentos e ratificar que não estamos sozinhos no Universo, daí defender a pluralidade dos mundos.  Espiritismo é, resumindo,  o somatório de religião, filosofia e ciência. É uma Doutrina.

O Espiritismo ensina que a boa religião é a prática  do AMOR ao próximo, é o PERDÃO ao desafeto, é a CARIDADE para com os mais necessitados, é FAZER O BEM  sem olhar a quem. É orar e pedir/vibrar, mas é também realizar, trabalhar e ter fé (certeza). O Espiritismo prega o crescimento moral e o espiritual, sem desprezar o intelectual. Mostra que a condição humana atual  ainda está muito aquém do nosso Modelo e Guia – Jesus.  Mostra que a reencarnação, além de natural no curso da vida, é a mais pura demonstração da Justiça Divina, onde cada um colhe o que plantou.  Mostra com absoluta clareza  “quem somos”, “de onde viemos” e “para onde vamos”. Mostra que Deus, como bom Pai, não castiga seus filhos; que não existe céu nem inferno, portanto, não existem penas eternas; que o maior algoz do homem não é o outro, mas ele mesmo, a quem a sua consciência constantemente cobra. Que devemos  combater, todos os dias, a nossa ignorância, que nos prende ao orgulho, à vaidade, à arrogância, à teimosia, ao desamor etc…

No Espiritismo aprendemos que a boa religião não precisa de  títulos pomposos,  de suntuosos templos,  tampouco de riquezas materiais. As reuniões podem ser feitas em qualquer lugar onde possa ser levada a BOA NOVA, isso mesmo, somos Espíritas Cristãos e  temos, nos ensinamentos do Mestre, a luz que nos guia pela senda da vida.

Finalizando, amiga Carolina, desejo que atitudes como a desse amigo,  dignas de perdão pela manifesta ignorância, não  constituam em ações comuns que caracterizem o simples prazer em praticar e divulgar a malfadada intolerância religiosa, ato de sectarismo que cristaliza opiniões e induções a erros, num momento difícil em que  tanto carecemos de esclarecimentos, de  amor, paz e união.

Abraços,

Elson C. Antunes

Nov/2016

 

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